quarta-feira, 8 de junho de 2016

Um espelho quebrado - Parte 1


A cada dia que passava a exaustão tomava conta do seu ser. Em sua alma haviam feridas antigas que sangravam, doíam e já cheiravam mal. Ânimo se tornou escasso em seu dia a dia. Começou a tomar banhos mais longos. Quando o sol raiva sua vontade era de permanecer entre os lençóis. Passava mais tempo dormindo do que se divertindo. Aquele violão começou a empoeirar e aquele livro começou a ficar mais tempo guardado. As lágrimas se tornaram amigas fiéis. Quando a garota levantou os olhos percebeu que estava só. O tempo estava nublado, o céu estava de bronze. Não via motivos para sorrir.

Todos os dias ela se lembrava de quem era, e como estava naquele momento. As dúvidas do que fazer a cercavam, as forças haviam se esvaído. Ela entrou em um universo paralelo, nem todos sabe que ele existe, mas ela o descobriu. Foi a pior descoberta de sua vida. Ela começou a viver de aparências, sua alegria se tornou uma farsa. Não era mais a garota de antes.

Antes ela aconselhava. Amava. Ajudava. Abraçava. Era um espelho para outras garotas. Mas se quebrou. Estava só cacos. Seu doce e sensível coração endureceu. Não chorava mais quando via alguém sofrendo, deixou de dar conselhos como: "Não desista!" Para dar conselhos como: "Não siga o meu exemplo!" A garota que dava orgulho em todos agora era um poço de mágoas, dores e palavras torpes, simplesmente mudou tudo.

 Então ela resolveu seguir seus próprios caminhos. Ela decidiu tomar suas próprias decisões. Não queria mais a supervisão de quem mais a amava nesse mundo. Ela simplesmente virou as costas para seu maior amor que provou que a amava dando a vida por ela. Sem olhar para trás e se preocupar com as consequências ela foi ...

Sentia que havia sido rejeitada por alguém que amava. Dava uma de durona na frente das pessoas, era a mais sabida, tinha as respostas na ponta da língua, sempre muito grossa. Mas atrás de todo o seu castelo de aparências ela sentia uma dor na alma, como se alguém tivesse agredido seu corpo, mas não era a carne, era a alma que estava machucada. Ninguém havia a agredido, ela mesma mutilou a sua alma sem perceber. Seu perfeccionismo a levou a cobrar a si mesma, a levou a martirizar-se sem dó.

[...]

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