A cada dia que passava a exaustão tomava conta do seu
ser. Em sua alma haviam feridas antigas que sangravam, doíam e já cheiravam
mal. Ânimo se tornou escasso em seu dia a dia. Começou a tomar banhos mais
longos. Quando o sol raiva sua vontade era de permanecer entre os lençóis.
Passava mais tempo dormindo do que se divertindo. Aquele violão começou a
empoeirar e aquele livro começou a ficar mais tempo guardado. As lágrimas se
tornaram amigas fiéis. Quando a garota levantou os olhos percebeu que estava
só. O tempo estava nublado, o céu estava de bronze. Não via motivos para
sorrir.
Todos os dias ela se lembrava de quem era, e como
estava naquele momento. As dúvidas do que fazer a cercavam, as forças haviam se
esvaído. Ela entrou em um universo paralelo, nem todos sabe que ele existe, mas
ela o descobriu. Foi a pior descoberta de sua vida. Ela começou a viver de
aparências, sua alegria se tornou uma farsa. Não era mais a garota de antes.
Antes ela aconselhava. Amava. Ajudava. Abraçava. Era um espelho para outras garotas. Mas se quebrou. Estava só cacos. Seu doce e sensível coração endureceu. Não chorava mais quando via alguém
sofrendo, deixou de dar conselhos como: "Não desista!" Para dar
conselhos como: "Não siga o meu exemplo!" A garota que dava orgulho
em todos agora era um poço de mágoas, dores e palavras torpes, simplesmente mudou
tudo.
Então ela
resolveu seguir seus próprios caminhos. Ela decidiu tomar suas próprias
decisões. Não queria mais a supervisão de quem mais a amava nesse mundo. Ela
simplesmente virou as costas para seu maior amor que provou que a amava dando a
vida por ela. Sem olhar para trás e se preocupar com as consequências ela foi
...
Sentia que havia sido rejeitada por alguém que amava. Dava
uma de durona na frente das pessoas, era a mais sabida, tinha as respostas na
ponta da língua, sempre muito grossa. Mas atrás de todo o seu castelo de
aparências ela sentia uma dor na alma, como se alguém tivesse agredido seu corpo,
mas não era a carne, era a alma que estava machucada. Ninguém havia a agredido,
ela mesma mutilou a sua alma sem perceber. Seu perfeccionismo a levou a cobrar
a si mesma, a levou a martirizar-se sem dó.
[...]
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